Service/Business designer, CEO e Founder da Meiuca. Acredita que design é sobre fazer a diferença. E segue tentando! :)
Quem me conhece (ou conhece a Meiuca) sabe que espalho nosso lema aos ventos: "Se design não for sobre fazer a diferença, é sobre o quê?". Quando comecei a nossa jornada só tinha uma grande vontade em mente: misturar design com impacto social. Eu realmente acredito no design como visão de mundo, uma misturinha fantástica de metodologias, ferramentas e habilidades para resolver grandes problemas. Mas será que estamos investindo todo esse poder e nosso sagrado tempo nos problemas que realmente importam? Tomo a liberdade de responder em nome da disciplina: não, claro que não.
O ano de 2020 veio pra testar o limite da nossa resistência e, por mais dolorido que tenha sido, veio também para nos colocar para pensar. Quando a crise bateu em nossa porta tive medo de quebrar. Ninguém sabia o que estava por vir. Bateu uma certa dose de desespero. Mas o medo do fim me levou a uma ainda mais dolorida reflexão: se minha empresa acabar agora, o que acontece com o mundo? De bate e pronto minha resposta foi "nada, não somos tão importantes assim". E se você quer saber, nem a nossa crise era tão importante assim. Tinha (e ainda tem) uma crise de saúde, pessoas passando fome do outro lado da janela.
Pra dar um pouquinho de contexto, somos basicamente uma empresa que ajuda outras empresas a serem mais inovadoras. Temos também nossas iniciativas de educação, nossa busca pela diversidade e até uma ONG, nossa braço sem fins lucrativos por onde a gente devolve um pouquinho à sociedade através de projetos sociais. Já fizemos e, continuamos fazendo, muita coisa legal. Mas ainda sim, não somos um hospital. Ou seja, o mundo continuaria girando sem sentir muito a nossa ausência. Isso me deixou puto.
Uma manobra pra cá, uma pivotada pra lá. Não fechamos, muito pelo contrário: nós crescemos. 2020 foi um ano realmente imprevisível e, ao mesmo tempo, bastante frustrante. Assim que a pandemia começou arrisquei um palpite: que essa crise despertaria a fome por propósito nas pessoas. No começo parecia fazer sentido. Realmente as pessoas e, acima de tudo, as empresas pareciam ter entendido seu papel social. Mas aí veio o bom e velho "instinto de sobrevivência" e, do mesmo jeito que veio, todo aquele engajamento se foi.
2020 foi acima de tudo um ano pesado. Merecemos comemorar. Só não podemos esquecer que temos algo poderoso demais nas mãos para usar apenas para "fins comerciais". Não estou aqui para apontar dedos, sei que temos contas e mais contas para pagar. Mas se as contas estiverem pagas e a saúde em dia, tente reservar um pedacinho da sua agenda para devolver. Todos ganham.
Por isso, só desejo que em 2021 tenhamos tempo, dinheiro e saúde para fazer a diferença.
Grande abraço.