Karina Tronkos tem 23 anos, é estudante de ciência da computação, trabalha como UX Designer no Hurb e ganhou o Scholarship da Apple 4 anos seguidos. Entusiasta e apaixonada pelo universo de tecnologia e design, criou o Nina Talks para compartilhar essa jornada e tudo que a empolga e inspira nesse universo!
Quando eu conheci UX Design e decidi que eu queria trabalhar na área, assim como toda pessoa descobrindo um novo universo, eu não sabia muito bem por onde começar. A primeira coisa que eu fiz foi procurar amigos meus que eram designers para que eles pudessem me dar uma luz e esse apoio e auxílio deles fizeram total diferença na minha transição.
Na época eu também fui em busca de conteúdo online e senti falta de conteúdo brasileiro. Cerca de quatro anos atrás eu podia contar em uma mão os produtores de conteúdo brasileiros sobre UX Design. Mas mais do que isso, eu não conseguia ter a visão de como times de produtos digitais eram estruturados e funcionavam dentro das empresas, era como se tudo fosse uma grande caixa preta para mim.
Mas sinto que os anos foram passando e fomos percebendo o valor de compartilharmos a nossa experiência em projetar experiências. Não estou dizendo que nós não sabíamos antes o valor de ensinarmos, mas foi algo que inegavelmente teve um crescimento exponencial nesses últimos anos e eu acredito que todos nós saímos ganhando nesse jogo.
Lembro da primeira vez que eu ganhei o Scholarship da Apple para a WWDC e tive a honra de conhecer o John Geleynse, que é Evangelista de Tecnologia da Apple e é responsável pelo Apple Design Awards. Sim, existem cargos de Evangelista de Tecnologia e Evangelista de Design. Quando eu ouvi esse nome para primeira vez eu não entendi o que "evangelismo" tem a ver com a área. Depois de compreender esse papel eu achei mágico existir uma posição cujo descrição da vaga inclui "inspirar, educar e empoderar" (essas três palavras foram retiradas de uma descrição de vaga de evangelista na Apple). Já parou para pensar nisso?
Como designer de experiência, eu tenho como objetivo projetar soluções que melhorem a vida das pessoas. Como colaboradora de uma empresa, eu tenho como objetivo tornar o nosso dia-a-dia de trabalho significativo, agradável e acolhedor. Como integrante da comunidade de design, eu tenho como objetivo descomplicar e democratizar o trabalho que nós fazemos. Eu inclusive adotei a tríade que vi na vaga da Apple para a minha vida: inspirar, educar e empoderar. É isso que eu busco fazer diariamente através do meu projeto, o Nina Talks, e que eu vejo em outros projetos incríveis como o UX Para Minas Pretas.
Além disso, eu tenho enxergado dois movimentos acontecendo que estão interligados: a maturidade de design nas empresas está crescendo e os times de design estão passando a se abrir mais internamente como externamente. Internamente eu digo dentro da própria empresa, compartilhando processos e resultados com as outras áreas e ensinando sobre UX para outros times, por exemplo. Externamente eu digo para o mercado, dando visibilidade do trabalho fantástico que é feito por detrás dos produtos que usamos todos os dias. O meu sentimento inicial de que tudo era uma caixa preta passou. Obviamente lidamos com informações sensíveis que não podem ser compartilhadas, mas também temos muito a contribuir e trocar com outros profissionais da área.
Acredito que temos muito para nos inspirar e aprender com as comunidades de desenvolvedores! O Facebook que desenvolveu React e GraphQL e que são open-source. Já o Bootstrap foi criado pelo Twitter e também é um framework open-source. Na verdade, a comunidade de desenvolvimento possui uma cultura muito forte de código aberto e eu acredito muito que design e cultura open-source são uma combinação poderosa.
O Material Design do Google é um grande exemplo disso e ele inclusive se descreve da seguinte forma: "Material é um sistema de design - apoiado por código-fonte aberto - que ajuda as equipes a construir experiências digitais de alta qualidade."
Gosto muito do princípio do chef de cozinha que eu vi em uma apresentação do Chris Do, do canal no YouTube The Futur (que eu inclusive recomendo fortemente para todo mundo) em que ele fala: chefs de cozinha possuem livros de receita, canais no YouTube e de televisão. Eles ensinam como preparar os pratos, mas isso não faz com que as pessoas deixem de ir em seus restaurantes. Muito pelo contrário, eles ficam mais conhecidos por isso e mais pessoas ficam com vontade de conhecer seus restaurantes. Quero deixar essa reflexão sobre como nós podemos aplicar esse princípio em nossas vidas e trabalhos.
Grande parte de nós precisa deixar de lado a ideia errônea de que nós não temos o que compartilhar ou o que nós temos não é suficiente ou bom o bastante para ser compartilhado. A grande verdade é: sempre terão pessoas em níveis superiores e inferiores ao nosso, mas nada disso anula ou torna menos relevante o que fazemos. Muitas pessoas se beneficiariam do nosso conhecimento e da nossa vivência.
Mas isso não é algo que precisa ser feito da noite para o dia! Nós temos que ser muito responsáveis na hora de produzir conteúdo, para que seja algo bem planejado e embasado. Cada pessoa pode contribuir com a comunidade da forma que mais se sente confortável. Algumas têm mais afinidade com a câmera, outras com a escrita, algumas preferem papos individuais, outras preferem grupos maiores e é essa diversidade de conteúdo que nós queremos!
Duas grandes verdades que eu passei a enxergar desde que eu comecei a compartilhar conteúdo no Nina Talks são:
1- Eu cresci de forma exponencial como pessoa e profissional desde que eu comecei a compartilhar conhecimento, porque para ensinar sobre um assunto é necessário que eu me aprofunde nesse tema, pense e estruture como tornar aquilo didático. Esse mergulho no conteúdo me faz absorver muito mais!
2- Energia e paixão são contagiantes e a gente acaba inspirando e encorajando pessoas que a gente não faz ideia. Quando eu recebi a primeira mensagem de uma pessoa que veio me agradecer pela ajuda pois ela havia conseguido um emprego na área meu coração vibrou demais e essa vibração que me move a cada feedback positivo que eu recebo.
Eu quero que você termine essa leitura com um pensamento: como eu posso contribuir para que a gente continue esse movimento de uma comunidade de design mais aberta e colaborativa?
Para fechar esse texto com chave de ouro, vou deixar aqui algumas referências incríveis de times de design que venho acompanhando dentro e fora do nosso país.
Algumas iniciativas de times de design estrangeiros:
Uber - Instagram
Shopify - blog
Lyft - blog
Slack - blog
Adobe XD - blog
Agora algumas iniciativas de times de design brasileiros:
Quinto Andar - blog e Instagram
Raia Drogasil - Instagram
Itaú - Instagram
Em especial para as mulheres que tem vontade de ingressar nesse universo de tecnologia, eu faço um convite para conhecer 4 comunidades incríveis para vocês se sentirem abraçadas: Ladies that UX, Mais Mulheres em UX, UX Para Minas Pretas e Mulheres de Produto.
Para mais conteúdos sobre design e tecnologia não deixe de me acompanhar no Nina Talks! Será um enorme prazer trocarmos uma ideia por lá.