Design Chapter Lead no Grupo Fleury, especialista em Design de Serviços e professora na Tera e na Lemonade School. Formada em Engenharia e Design, já foi Gerente de Projetos na Copa do Mundo de 2014, fundou um negócio social com refugiados, brilha sendo mãe da Luna e nas horas vagas costura, borda e faz crochê.
Não, meu sonho não era ser mãe.
Inclusive, houve um tempo em que neguei essa possibilidade, da mesma forma que neguei a possibilidade de ser líder em algum momento da minha vida.
Trabalhando como engenheira, direcionei a minha carreira para me tornar uma especialista, porém fui agregando funções e quando me dei conta, tinha me tornado uma gerente de projetos (não é necessariamente uma liderança, mas requer bastante habilidade com planejamento e delegação de atividades de outras pessoas). Eis que fiz uma transição de carreira e estava novamente caminhando para me tornar especialista até receber a proposta de voltar para o mundo corporativo para construir e liderar uma equipe de UX Design. Ok vida, entendi o vosso recado. Aceito com amor o desafio de desenvolver esse papel na minha vida (e na vida de outras pessoas, por consequência).
Este é o primeiro ponto em comum entre liderança e maternidade. Você não sabe como fazer, mesmo se preparando muito. Você não sabe, até acontecer...
Até pegar a criança no colo e ter medo dela escorregar.
Até participar da primeira reunião e gelar na frente daquelas pessoas que você nunca viu.
Até cair a ficha de que você é a pessoa responsável por aquele pequeno ser e não fazer ideia do que isso significa.
Até você aprovar uma pessoa para ser contratado sem saber se vai dar certo.
E como tudo na vida, pode ser ruim, mas pode ser bom.
Sendo mãe ou sendo líder, você aprende a tomar decisões.
Mesmo quando não quer.
Mesmo àquelas que não esperava ter que tomar.
Mesmo àquelas que acredita que não era você que deveria tomar.
E aprende a não tomar decisão nenhuma. Sim. Em alguns momentos, simplesmente não tomar decisão é a melhor decisão.
Cada decisão.
Cada ideia.
Cada planejamento.
Cada próximo passo.
É sobre o outro e você se tornou uma consequência.
Contratar, demitir, orientar, estimular, motivar, discutir, discordar, desagradar.
Conduzir sua cria ou as pessoas do seu time para o caminho da independência e prosperidade profissional e pessoal.
É um trabalho árduo sim, cheio de altos e baixos. As vezes dá super certo, as vezes dá super errado.
Faz parte da bela dança de aprendizados diários da maternidade e da liderança.
Você pode tentar seguir de forma empírica e intuitiva apenas, mas não é sustentável.
Disciplina é um fator de referência para um líder e para uma mãe.
Rotinas diárias, semanais, quinzenais e mensais.
Acompanhamentos individuais e de grupo.
Ferramentas e processos de trabalho repetindo em um eco infinito até a completa execução.
Repete. Repete. Repete.
Você pode dormir em paz sabendo que deixou pessoas com comportamentos automáticos criados e com sua inteligência livre para focar em como solucionar problemas complexos.
Empenho.
Doação.
Estudo.
O trabalho nunca acaba e o dia continua tendo 24 horas.
Escolhas são necessárias e as renúncias realidades.
Pedir ajuda é fundamental para alcançar os objetivos sendo mãe ou sendo líder.
Poucas pessoas, mas pessoas importantes que você pode contar.
A liderança e a maternidade, na minha opinião, devem ser vividas um dia depois do outro.
Frio na barriga.
Tudo é uma caixinha de surpresas.
É um aprendizado diário.
É um eterno aprender, desaprender e reaprender. RE-AL OFI-CIAL.
É observar.
É ter escuta ativa.
É abrir seu coração para a tal vulnerabilidade e aceitar suas falhas.
É se abraçar.
Se você tá pensando em ser líder, pense bem.
Se você tá pensando em ser mãe, pense bem também.
Para fazer bem feito, dá trabalho e exige dedicação.