Tenho formação em TI e após várias experiências na área como QA, conheci, me apaixonei e migrei para o Design. Atuo há alguns anos como UX Designer em produtos e/ou serviços digitais.
Escolhi falar sobre este tema, pois ainda é um assunto bastante discutido entre os UX designers que atuam em produtos ou serviços digitais. Digo “ainda” porque, por mais que a contratação de UX venha crescendo, acredito que muitas empresas não conhecem de fato o papel que podemos exercer dentro de sua equipe.
Em alguns ambientes, tanto a atuação quanto a inclusão de um UX no processo de trabalho já estão bem definidos, mas em outros (e arrisco dizer, na maioria), não. Para estes, um UX atua, em sua totalidade, como a pessoa que “faz telas”, apresentações de ppt, flyers e tudo que remeta ao design visual e estamos carecas (eu, ainda mais rs pra quem não me conhece, basta ver a minha foto no início deste artigo) de saber que o papel de um UX vai muuuito além disso.
Já que temos diferentes níveis de maturidade em design nas empresas, acredito que para as que possuem baixa maturidade, cabe a nós fazer com que conheçam mais nosso papel/importância e assim, caminharmos para a evolução dessa maturidade. Para esta evolução, enxergo dois grandes pontos a serem trabalhados: Processos e cultura. E não, não é nada fácil quanto parece.
Processos e cultura se esbarram, se ajudando ou se atrapalhando, pois os dois estão correlacionados a um fator muito importante que são as pessoas.
Indiferente da área de atuação, um processo bem estruturado se baseia em como as demandas chegam, como são executadas e como são entregues/finalizadas. Na maioria das vezes, a cultura da empresa impacta bastante na construção desse processo, dando-nos liberdade ou obstáculos para implantarmos/melhorarmos um processo de design que ainda não está bem estruturado. Não quero dizer que o design por si só vá mudar a cultura de uma empresa, mas podemos identificar brechas para sugerir melhorias que facilitariam na implementação de um processo mais estruturado.
Não existe uma receita de bolo, mas acredito que quando temos uma maturidade baixa de design, precisamos primeiro entender como a empresa desenvolve seus produtos/serviços, pesquisando e entendendo também as dores e problemas com quem está envolvido no processo (“aquele nosso feijão com arroz”). Identificados estes pontos, podemos iniciar um planejamento com nossas sugestões de melhorias. Muitas vezes, precisamos desenvolver um papel de “educador”, transmitindo nossos conhecimentos sobre o processo e a importância do designer, mostrando assim, nosso valor e potencial; aqui é importante termos o apoio dos demais designers da empresa para que eles também possam exercer este mesmo papel. Quando transmitimos nossos conhecimentos é como se plantássemos algumas “sementinhas” nas pessoas, algumas não se desenvolvem e outras sim, estas que se desenvolvem tornam-se apoiadoras do nosso trabalho.
Esta evolução é lenta e difícil, principalmente porque no meio do caminho nos deparamos com pessoas de diferentes perfis, características e personalidades, algumas favoráveis a mudanças e outras nem tanto. Por isso, é fundamental estarmos preparados e munidos de conhecimento para influenciarmos pessoas, gerando caminhos para um processo bem estruturado e, consequentemente, aumentando a probabilidade de resultados positivos.
Quando conseguimos evoluir a maturidade de design dentro da empresa, temos também a oportunidade de alcançar os clientes externos e nos tornar exemplo para outras empresas a partir dos resultados gerados com o design.
Como repeti anteriormente, esta evolução não é nem um pouco fácil, precisamos praticar muito a paciência e a colaboração, oferecendo caminhos e não impondo soluções, pois estamos lidando com pessoas e precisamos trazê-las para se tornarem parte da solução, quebrando os obstáculos que surgirão no meio do caminho. Erros e aprendizados acontecerão para esta evolução. Não devemos ter medo de errar, mas sim de nos conformar com os problemas e não ir atrás das mudanças.
Já tem um tempo que levo comigo o objetivo de usar o design para mudar processos, “cultura” e maturidade nas empresas.