Sou graduada em Publicidade e Propaganda pela USP, técnica em Administração pelo SENAC-MG e estudei Web Design e Design de Interação na Universidade de Bergen (Noruega). Já trabalhei na Youse Seguros e atualmente trabalho como UX Researcher no Picpay e mentora na Mergo User Experience. Meu propósito de vida é entender pessoas e compartilhar conhecimento. No Medium e Instagram crio conteúdo desmistificando técnicas de pesquisa e orientando sobre boas práticas na migração para UX.
Como se tornar um herói em UX.
Um jovem herói vive uma vida calma e comum até que um evento inesperado o tira de sua zona conforto e o chama a um novo desafio.
À princípio o herói nega o chamado à aventura. Não acredita que a responsabilidade seja sua ou não se sente capaz.
Até que o encontro com uma figura protetora lhe fornece o conhecimento e as ferramentas para seguir em sua jornada e enfrentar os obstáculos que está destinado a encontrar.
Essa história te soa conhecida?
Essa estrutura narrativa é muito comum e está presente em contos, mitos, livros, filmes e séries desde muito tempo. E nesse artigo você vai descobrir qual é a relação dessa narrativa com líderes do mercado de UX.
Durante anos o psicólogo suíço Carl G. Jung —aluno de Freud— ouviu relatos de sonhos de pacientes em seu consultório.
Depois de um tempo ouvindo os relatos Jung observou que havia um certo padrão entre os seres do universo onírico de seus pacientes. Assim, ele sugeriu que poderia haver um “insconsciente coletivo”.
No insconsciente coletivo é que se encontrariam os “arquétipos”: personagens míticos universais que residem no interior da mente das pessoas em todo o mundo.
Mais tarde, o antropólogo Joseph Campbell percebeu que os arquétipos também se repetiam nos contos de fadas, nos mitos religiosos e diversas outras narrativas através dos tempos e das mais variadas culturas.
Ele analisou essas história e elaborou a Jornada do Herói, uma estrutura narrativa seguida por todos os mitos em algum grau.
O papel dos arquétipos nos mitos é o de simbolizar elementos presentes nos diversos ritos de passagem que experimentamos ao longo da vida, auxiliando o rompimento entre o estágio anterior que se está deixando e a nova condição.
Existem diversos arquétipos e nesse artigo vamos falar sobre O Sábio.
Embora o Herói seja a figura central da jornada mítica, seu caminho é cercado pela presença de outros indivíduos que têm funções necessárias a seu crescimento.
O Sábio (também chamado de Mentor, Velha ou Velho Sábio): é uma figura positiva que ajuda ou treina o herói e lhe dá certos dons. A figura do mentor representa aquilo que o herói pode se transformar se persistir na sua jornada.
Frequentemente, esta presença protetora se trata de um Herói anterior que já cumpriu seu caminho de renascimento, concluiu o ciclo e agora fornece a outros aquilo de que precisam em suas próprias jornadas.
Em Alladin, o Gênio da Lâmpada concede três desejos ao jovem ladrão e o guia na jornada para salvar Agrabah de Jafar.
Harry Potter é levado para Hogwarts e presenteado com a capa da invisibilidade por Dumbledore, que o auxília em sua trajetória para derrotar Voldemort.
Em O Senhor dos anéis, Frodo vai para casa e encontra o mago Gandalf, que o espera com uma mensagem e um envelope. O envelope contém O Anel de Sauron e Gandalf ajuda Frodo a levá-lo para longe do condado.
A Fada Madrinha para Cinderela, Obi-Wan Kenobi para Luke Skywalker, Haymitch Abernathy para Katniss Everdeen…
Em diversas narrativas de mitos, livros, filmes e séries é comum encontrar a presença do mentor, um ser cujo objetivo é organizar e auxiliar o herói em sua jornada.
Sua existência nos mostra a importância da figura do guia, que compartilha conhecimento com mentes em formação.
Pessoas instrutoras, professoras, guias, responsáveis, todos aqueles que ensinam são manifestações desse arquétipo.
Fazendo um pararlelo com o mundo profissional, ao realizar a “migração de área” a pessoa não é apenas uma profissional, mas sim a guerreira, a heroína, aquela que vai em busca da jornada da aventura. E todos à sua volta, participando desse mesmo ritual, têm seu papel: a Sombra, o Governante, o Mentor, etc. mostrando como cada pessoa é uma parte vital dessa sociedade.
Ensinar é um exercício que exige tanto habilidades técnicas, quanto comportamentais. Uma boa pessoa mentora é capaz de:
Assim, a capacidade de ensinar deveria ser uma medida da senioridade de profissionais em todas as áreas e principalmente em UX, onde há um grande movimento de migração.
Como disse Karl Marx: “O indivíduo é um ser social.” E o trabalho é uma das formas de estabelecer relação consigo mesmo, com a natureza e com outros indivíduos.
Uma forma de estreitar relações, acelerar o aprendizado e suavizar a passagem (ou migração) é a presença de um mentor. Alguém que oriente e guie jovens profissionais na jornada de transição para esse mundo novo de Experiência do Usuário.
Por isso, é importante quebrar essa mentalidade de buscar sempre profissionais sêniors e começar a buscar pessoas a serem desenvolvidas.
Meu apelo é para profissionais que já estão no mercado, especialmente líderes de times de UX (e áreas relacionadas):
Contrate pessoas com o objetivo de treiná-las!
Dar oportunidade a quem está começando no mercado é uma forma de elevar seu próprio nível profissional e de seu liderados.
Cada vez que você ajuda alguém a se desenvolver, suas habilidades também evoluem um pouco.
Obrigada por ler até aqui! Esse texto foi escrito especialmente para o Design 2021, um projeto colaborativo sobre a visão brasileira sobre design, produto e comunidade.